terça-feira, 24 de julho de 2012

As Pedras de Elementra. Capítulo 15.


             15. Dentro da fortaleza


Eu estava sobrevoando o pântano onde Melody, Richard e os outros estavam. Não havia uma maneira segura para entrar nele.
Era o covil do Grandark. Aquele pântano, que parecia ser seguro e normal, devia estar repleto de armadilhas mortais.
Lembro-me do que Sakura havia me dito antes de eu sair de casa:

-Você não vai conseguir enxergar onde está quando entrar e o covil não deve ser visto por fora. O jeito é abrir uma abertura por cima do pântano.

E realmente, não conseguia enxergar o covil de Grandark,. As árvores eram bem altas, sendo quase impossível se localizar.
Cheguei mais perto de algumas árvores e cuspi fogo nelas. O fogo foi se espalhando, e abriu um buraco entre as árvores. Ele se apagou com o tempo.
Me destransformei e comecei a andar. 

...

Não encontrei ninguém. Estava começando a me preocupar, quando ouvi algo se mexer atrás de mim.
Me virei assustado e preparei o arco e flecha. Silêncio.

-Eu devo ter imaginado isso... – pensei guardando as armas.

Continuei andando. A água em baixo dos meus pés parecia me seguir enquanto andava. Parecia me guiar a algum lugar.
Uma pequena trilha de água...
Eu fui seguindo a pequena trilha. Ouvi um outro barulho, mas dessa vez não era atrás de mim. Era na minha frente.
Fiquei em silêncio. Ouvi de novo. Parecia alguém jogando pedras em um lago.
Discretamente fui andando bem devagar, me escondendo de árvore em árvore, até conseguir ver o que era. Fiquei feliz ao enxergar o que era.
Blanorcana, Richard e Adrian estavam à beira de um rio, próximos a um templo.

-PESSOAL! – gritei alegre.

Todos viraram surpresos para mim.

-Selion? – Blanorcana perguntou surpresa.

-Estou livre! – falei contente.

Era bom poder dizer isso. Era bom pensar que eu não estava preso naquele cristal. Eu me sentia... Alegre por poder ver meus amigos de novo.

-Quem é...? – ouvi Adrian sussurrar.

-Não é hora pra explicações. Richard, venha – chamei.

-Vamos entrar no templo, não é? – ela retrucou.

-Acertou.

-Nós vamos junto! – Blanorcana reclamou.

Eu pensei em dizer: “Não, é muito perigoso!”. Mas logo me veio a mente, que só Richard e eu não  conseguiríamos... Então, o certo seria deixá-los ir conosco.

-Vamos – resmunguei.

-Você... Deixou a gente ir? – Adrian falou, sem acreditar.

-Claro, se sobreviveram até aqui... Devem ser bons de luta – sorri.

Os olhos de Blanorcana e Adrian brilharam sob a luz fraca do pântano.
Senti dois vultos passarem rapidamente atrás de nós, e depois sumirem.

-Vamos depressa. – Richard falou.

Ela também sentiu os dois vultos... Dava para perceber.
Cheguei perto do grande templo, e passei a mão pela porta. Ele foi construído com uma pedra dura e resistente. Se tivesse uma enchente, ele ficaria intacto. Não existia nenhum material na Terra tão duro assim!
Se aquilo não fosse o Covil de Grandark, os alienígenas vieram pra Terra para se estabelecerem em pântanos.

-Têm campainha ou algo assim...? – Adrian perguntou, tenso.

Me virei para ele. Eu tinha umas 500 respostas negativas para isso. Mas antes de eu conseguir falar...

-Tá aqui – Blanorcana declarou apertando o botão.

-BLANORCANA! NÃO! – Richard tentou impedir.

Mas era tarde demais. Blanorcana havia apertado o botão, e consequentemente, nos meteu em encrenca.
Não pude nem sequer falar uma palavra, que o chão abaixo de todos nós se abriu, e todos caímos.
Gritávamos o máximo que podíamos, até que caímos de cara no chão, exceto Adrian, que conseguiu cair de pé, virando metade gato.

-Onde estamos...? – perguntei zonzo.

Olhei ao redor.
Estávamos em um quarto fechado, com uma única porta, à minha frente.

-Vamos em frente – Richard pediu.

Antes de podermos dar um passo, um holograma da cabeça de Grandark apareceu na frente da porta.
Como era um holograma, sua cabeça estava toda azul, seu cabelo um azul-esverdeado, e sua máscara, um tom de turquesa.

-GRANDARK! – gritei com raiva.

Tentei me acalmar, mas não consegui, aquele... Aquele... Troço, me prendeu em cristal! E eu não iria deixar isso passar reto! De jeito nenhum.
Tentei socar o holograma, de tanta raiva que eu tinha. Depois de várias tentativas de machucá-lo em vão, eu acabei me cansando e a raiva se aliviou um pouquinho.

-Vejo que gostou do meu “presentinho”, Selion – ele zombou.

-EU VOU TE DESTRUIR! – ameacei.

-Ai, que medinho do Selion – ele zombou mais ainda.

Minha raiva começou a aumentar.
A raiva era tanta, que nem percebi que havia me transformado em dragão.

-Ora ora, não sabe brincar com os sentimentos de dragão ainda? – ele falou com sarcasmo.

O que ele queria dizer com isso?
Eu tenho sentimentos de dragão? Quando estou raivoso, ele pode tomar conta?
O Grandark me encheu de perguntas. Mas eu não queria saber nenhuma resposta!
Pelo menos agora não...

-Deixa comigo, Selion – Richard pediu. – Olha Grandark, não quero saber de você no momento, até mais.

Depois disso, ela andou calmamente até a porta e a abriu, indicando com a mão, para passarmos por ali.

-Sério? Sem xingamento nem nada? – ele falou rindo com malícia.

-Simplesmente você não merece minha atenção – ela respondeu com um sorriso sorrateiro.

Ele se calou por um instante.

-Vamos logo – falei empurrando Adrian e Blanorcana até a porta.

Percebi que o holograma de Grandark estava nos seguindo.

-Nós passamos pela porta. Você não, entendeu? – Richard explicou.

O holograma foi até nossa frente e nos impediu de passar pela porta.

-O que quer afinal? – Adrian falou irritado.

-Ora ora, já estão irritadinhos? – ele riu – Eu estou na sala de controle, vocês estão no meu domínio, eu controlo tudo aqui.

-E daí? – Blanorcana falou ignorando o holograma de Grandark.

-E daí? Vocês estão num tabuleiro, no meu jogo, as regras são minhas e aqui eu que mando – ele falou brevemente.

-Então mata a gente logo. Vai fundo – declarei.

Ele ficou um pouco em silêncio e depois voltou a falar.

-Por quê? Vou aproveitar o jogo, enquanto está divertido – ele falou como um louco.

“Covarde” pensei bufando.
O que ele estaria preparando? “Vou aproveitar o jogo, enquanto está divertido.” Será que ele estava planejando mesmo que a gente jogasse algo? Ou ele iria nos forçar a fazer algo?
Não podia esquecer que Melody estava perdida em algum lugar!

-Que tipo de jogo? – perguntei desconfiado.

-Digamos, que uma certa menina, está vagando por aí... – ele respondeu com malícia.

-Pessoal! Melody está em perigo! Vamos atrás dela – sussurrei.

Atravessamos a porta, seguidos do holograma, e nos deparamos com um longo corredor sem portas.

-Que lugar é esse? – Blanorcana perguntou.

-Etapa 1. Labirinto. Boa sorte – Grandark respondeu rindo.

-Você sempre teve senso de humor morto, Grandark! – Richard reclamou.

-Como se eu me preocupasse com isso, Richard – ele falou com um tom meio envergonhado.

Ele era mais irritante do que eu pensava. Mas o certo era ignorá-lo por um tempinho.
Começamos a andar até o fim do corredor, quando nos deparamos com o primeiro problema.
Uma divisória. Havia dois caminhos, um para a esquerda, e outro para a direita.

-Que palhaçada é essa? – Blanorcana perguntou.

-Espero que não tenham claustrofobia – ele falou não se aguentando de tanto rir. – Pois passaram muito tempo aqui.

-Grrr... – rosnei baixinho. – Não vamos perder mais tempo! Blanorcana, você vai comigo pela direita.

-Eu vou com o Adrian? Droga! – Richard reclamou.

Adrian sorriu de um jeito estranho e começou a andar junto de Richard.

-Boa sorte – gritei.

Me deparei com o lado bom, Grandark só poderia seguir um lado. Antes de podermos chegar ao fim do “novo corredor”, Grandark apareceu na nossa frente, como num passe de mágica.

-Aonde pensam que vão sem mim? – ele falou com um tom de voz debochado.

-Ao fim do labirinto, nos preocupamos com Richard e Adrian depois – Blanorcana explicou.

-Eu por acaso, disse para vocês que é seguro vagar pelo meu labirinto? – ele disse me deixando com medo.

O que ele quis dizer com isso...? Será que ele estava tentando nos avisar que Richard e Adrian estavam em perigo? Ou será que era parte do “joguinho” dele?
Eu estava confuso, será que eu teria que ir atrás de Richard e Adrian? Ou continuar em frente seria o certo?
Agi por impulso. Segurei o braço de Blanorcana e corri até o caminho onde Richard e Adrian foram, Grandark nos seguiu rindo.
Isso estava muito estranho... Muito, mas muito estranho mesmo!

...

-É oficial, Selion! – Blanorcana falou brava.

-O que é oficial? – perguntei continuando a andar.

-Estamos perdidos! – ela reclamou.

-Se você não tivesse tropeçado naquela pedra e caído, já teríamos achado eles! – reclamei também.

Estávamos mesmo perdidos, e Grandark continuava nos seguindo!
Olhei meu relógio, estávamos perdidos há... 2 horas. Sem descanso, sem comida, nem água!
Blanorcana já havia pirado diversas vezes. Eu olhei para ela. Estava toda suada e cansada, mal se aguentava em pé! Resolvi deixá-la descansar um pouco.
Apontei a mão para o chão e pedi para ela sentar e descansar um pouco. Nem pude terminar de falar, que ela caiu exausta no chão.

-Finalmente – ela disse respirando com dificuldade.

-Como eles se perderam? A gente só deixou eles por um minuto... É impossível eles terem ido tão longe assim! – pensei em voz alta.

Olhei para Grandark e me surpreendi, duas horas nos observando cansaram ele! Ele estava dormindo!

-Blanorcana! – sussurrei. – Grandark dormiu!


-Eu sei... – ela respondeu.

-E não me avisou? – briguei sussurrando.

-Pensei que que tivesse notado, ele ronca – ela reclamou fechando os olhos.

Realmente, ele roncava. E alto! Como eu não havia percebido isso? Vai ver estava muito concentrado em achar Richard e Adrian.
Me sentei no chão e esperei Blanorcana se recuperar.
De repente, ouvi um rangido. Olhei rapidamente para os lados e me assustei. As paredes estavam se movendo! Era assim que o Grandark estava nos prendendo lá! Não importava o quanto corríamos, sempre parávamos no mesmo lugar!
Voltei para o fim do corredor e vi, a mesma porta por onde havíamos entrado no labirinto.
Acordei Blanorcana, pois havia dormido de tão cansada.

-O que foi...? – ela falou sonolenta.

Expliquei tudo para e ela se alegrou.

-Se é assim, chegamos rapidinho ao fim do labirinto! – ela falou contente.

Ela começou a brilhar, e quando percebi, estava com asas de fada.

-O que é isso?! – perguntei.

-Com um treinamento especial, aprendi a virar fada – falou rindo.

Ela tocou na parede e uma flecha “brotou” no mesmo lugar.
Logo depois seguimos em frente. Fiquei prestando atenção em cada barulho. Passamos por um novo corredor e ouvi um rangido. Andamos para trás e entramos por um novo corredor que havia aparecido. Novamente, Blanorcana colocou uma flecha na parede.
Seguimos em frente, novamente ouvimos um rangido, fomos em frente e achamos a flecha que Blanorcana havia feito da primeira vez. Voltamos e fomos por um novo corredor. E estávamos com sorte, lá na frente, vi Richard e Adrian brigando para ver qual caminho seguir.

-Por ali! – Adrian gritou apontando para a frente.

-Nem vem, meu instinto aponta pra direita! – Richard reclamou.

Corremos até lá e dissemos oi. Os dois pularam de susto.

-O quê estão fazendo aqui? – Adrian falou com a voz falhando.

-É uma armadilha! O labirinto muda de... – Blanorcana tentou falar, mas foi interrompida por um enorme rangido.

-Por aqui! – chamei.

Todos me seguiram. Eu estava indo na direção de onde viemos. Continuei correndo, mas fui pego num beco sem saída.

-E agora Einstein? – Adrian perguntou pessimista.

-Espere! – Blanorcana pediu.

Mais um rangido surgiu, e na minha frente, o beco sem saída se abriu, formando um novo corredor, e no fundo dele, havia uma porta verde com detalhes negros.

-Quem é o Einstein agora? – perguntei rindo.

-Continua sendo você – Richard devolveu.

Andamos em silêncio até a porta, e Blanorcana a abriu. E no exato momento que ela tocou na porta, Grandark acordou.

-O QUE PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?! – ele gritou.

-Nada – Richard reclamou.

Não demos bola para ele, e atravessamos a porta. Para nossa surpresa, ela estava semi-vazia. Era um quarto sem nada, com um monte de desenhos nas paredes. Observamos os desenhos espantados.

-Perda de tempo! – Adrian reclamou.

-Fiquem quietos! Vocês não deviam estar aqui! – Grandark falou.

Após isso, ouvimos um som parecido com uma sirene. Tapamos os ouvidos e recuamos. O som perturbou Blanorcana. Os ouvidos dela eram sensíveis demais para tanto som! Ela cambaleou para trás e caiu de costas na parede.
Tudo tremeu. Grandark gritou de raiva e uma porta abriu no lado direito da sala.
A sirene continuou a tocar, corremos o mais rápido que podíamos para a porta, com os ouvidos e olhos semi-fechados.
Ao atravessarmos a porta, nos deparamos com uma espécie de caverna, com estalactites por todo o teto.

-O que é esse lugar? – Blanorcana falou se recuperando.

-CUIDADO! – Richard gritou.

Todos estranhamos. Do nada, algumas estalactites começaram a cair sem parar Fomos nos esconder embaixo de algumas pedras altas.
Eram correria e gritaria sem fim, por causa do eco que nos rodeava. Me escondi embaixo de uma pedra, mas não adiantou. Vi, em cima de mim, uma enorme estalactite caindo.
Corri para me salvar, mas a estalactite acabou acertando meu pé. Gritei de dor.

-SELION! – Richard gritou do outro lado da caverna. – ARGH! PAREM DE CAIR AGORA ESTALACTITES MALDITAS!

Como Richard havia pedido, estranhamente, as estalactites pararam de cair.
Todos saíram de seu esconderijos e vieram me socorrer. Olhei para o meu pé que, por algum motivo estranho, não estava tão ruim. Só haviam pedaços de pedras enfiados nele.
O chão estava inteiramente sujo de sangue.

-Ufa, seus poderes de dragão te salvaram. Ainda bem! – Richard exclamou aliviada.

-Como? – Blanorcana perguntou.

-Como ele é parte dragão, a resistência e a habilidade de se curar mais rapidamente passa a predominar um pouco no corpo do Selion – ela explicou.

-Uau... Nem eu sabia dessa – exclamei feliz. – Mas e quanto as pedras? – perguntei.

-Eu arranco! – Adrian falou contente.

Ele mostrou a mão para mim e em uma fração de segundo, ela virou um garra de caranguejo.

-Se acalme, não vai doer nada – ele sorriu.

-Tem certeza? – perguntei duvidoso.

-Na verdade, não – ele falou, posicionando a garra.

E uma garra de cada vez, ele tirou as pedras, que mais pareciam lanças, do meu pé.

-Simples – ele exclamou.

-E agora? – Blanorcana pediu.

-Vamos em frente. Já, já acharemos Melody! – falei confiante.

Ouvi uma risada ameaçadora ao longe. Grandark havia voltado a rir, mas dessa vez nem liguei. Minha missão era mais importante!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

As Pedras de Elementra. Capítulo 14. Capítulo importantissimo.



                          14. O que eu perdi?



-Eu sei que fiquei por fora por um tempo, Kathryn. O que eu perdi? – perguntei ansioso.

-Nada demais – ela respondeu com frieza.

-FALA POR FAVOR! – implorei.

-Tá bem! Mas você vai continuar aqui em casa depois que eu falar isso ouviu? – ela disse me encarando com os olhos semicerrados.

-Tá bem – falei calmamente.

-Tá na hora do FLASH BACK! – ela exclamou contente.

-O quê? – perguntei.

-Flash Back. É quando alguém conta uma história de algo que aconteceu e daí a pessoa começa a ver o que aconteceu – ela explicou.

-Eu sei o que é Flash Back! – respondi bufando.

-Então por quê perguntou?

Me deu vontade de socar a parede.

-Isso não é programa de televisão, Kathryn! – falei estalando os dedos na sua cara.

-Mas eu sou uma maga, ou esqueceu? – ela devolveu.

Eu havia mesmo esquecido... Fazer o quê?

-Tá bem! Coloca esse Flash back pra rolar logo – briguei.

Ela levantou as mãos para cima, segurando o seu cajado, e então uma pequena nuvem cinza apareceu na nossa frente. Eu conseguia ver a Kathryn voando com Éolo e Misake. E logo a frente deles, via uma ilha.

 ...

-Se a caverna estava desabando... Como vocês saíram de lá? – perguntei.

Depois de certa parte, a nuvem com o flash back desapareceu. Deixando um mistério no ar.

-Seu Pufis nos salvaram. Bem... Quase todos... Misake quis voltar para pegar aquela escada – ela explicou.

-Por quê?

-Pergunta para ele – ela respondeu.

-MISAKE! POR QUE 'CÊ VOLTOU PRA CAVERNA PRA PEGAR AQUELA ESCADA? – gritei para ele.

Recebi grunhidos como resposta.

-Ele tá bem? – perguntei coçando a cabeça.

-A escada quebrou.

-E daí? – perguntei nem ligando.

-Sei lá. Ele gosta das coisas que constrói eu acho... – ela me respondeu- Agora vou indo.

-Aonde vai?

-Ajudar Melody – ela falou pegando sua bolsa mágica. – E você fica aqui com a Sakura.

Nem ouvi o que ela disse, de qualquer jeito eu tinha que ajudar a Melody. Ir atrás de Grandark é uma missão muito séria! Ela precisa de toda a ajuda.

-O que disse? Não prestei atenção... – falei tímido.

-Eu vou atrás da Melody.

-Eu também – falei confiante.

-Não vai não! – ela impediu.

- Por quê?

-Porque eu tenho que ir sozinha. Você precisa se recuperar – ela continuou.

-Argh! – reclamei.

Saí do quarto e fui até a cozinha. Sakura estava lá lendo um gibi.

-Bom-dia – ela disse.

-São quatro horas da tarde! – exclamei.

-Ah... É você Selion? Pensei que fosse o Misake... Desculpa – ela explicou. – Tem toda aquela história de fuso-horário e coisa e tal...

-Entendo – falei sentando em uma cadeira.

Suspirei alto, e então, peguei um pedaço de pão, que estava em uma tigela bem decorada, no centro da mesa.

-Tigela legal... – falei enquanto aproximava o pão da boca.

-Não é uma tigela comum... De acordo a Melody... – ela explicou.

Olhei bem para ela. Ela tinha desenhos esquisitos, desenhos como: raios, nuvens, guerreiros correndo... Era bem desenhado, e não tinha um pedaço da tigela sem um desenho.
Examinei bem o pote, o levantei um pouco e notei que havia um papel em baixo dele. Grudado com fita adesiva. Descolei-o e peguei-o com as duas mãos.

-O que é isso? – Sakura perguntou curiosa.

-Sei lá!

Abri o papel, mas antes que pudesse ler o que estava nele, ouvi gritos vindos do quarto de Misake.
Corri até lá. A porta estava aberta. Entrei no quarto dele, e vi Kathryn com uma espécie de adaga quase perfurando o pescoço dele.

-O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – Sakura perguntou afastado Kathryn do Misake.

-Nada, só um treino básico... – Kathryn respondeu rindo.

-Sei... Um “treino básico” enquanto eu tô dormindo! – Misake reclamou.

-Tenho que ver se você está preparado para tudo... – Kathryn falou com um sorriso bobo no rosto.

Sakura grunhiu algo. Larguei o papel no meu quarto, aquilo era coisa pra outra hora. Fui para o telhado. Lá é como meu... “Cantinho para pensar”. Eu tinha que ajudar a Melody. Mas a Kathryn jamais deixaria. Eu nem sequer sei, onde ela estava...Talvez a Sakura soubesse...
Fui até o quarto de Misake de novo, e vi Sakura observando Misake lutar contra Kathryn.

-Sakura, vem cá – sussurrei.

Tirei ela do quarto sem os dois nos verem, e a levei até a cozinha.

-Você sabe onde está a Melody? – perguntei.

-Sim... Por quê? – ela perguntou curiosa.

-Porque você vai me ajudar com uma coisinha – falei esfregando as mãos.


...