quarta-feira, 28 de novembro de 2012

As pedras de Elementra. Capítulo 19. A união.


                                19. A União.


Minha cabeça doía. Eu havia acordado dentro de uma espécie de quarto negro, com paredes escuras, sem nenhuma janela. Eu estava usando uma camisa de força, que não durou muito tempo, um pouco de fogo hà desintegrou em poucos segundos.
Eu não tinha ninguém ao meu lado, só a solidão e a minha sombra.
“Deve ter uma saída...”
Mal via a hora de sair dali e chutar o traseiro do Grandark por causa de tudo que ele nos fez passar.
Minha primeira reação naquele quarto, foi queimar a camisa de força, a segunda, foi tacar fogo nas paredes, vai que uma porta secreta aparecia ou sei lá...
O tempo passava, e passava. Eu havia perdido minha mochila, eu estava sozinho, sem comida, sem água, num quarto totalmente escuro e fechado a vácuo.
A dúvida era: “Como se entra num quarto sem saída?”.
O tempo passava, e passava, eu estava a beira do enlouquecimento, até que uma enorme luz apareceu na minha frente, fritando meus olhos já acostumados a escuridão.
“Vampiros passam por isso todo dia?”
Eu ouvi aplausos, e a luz ficou mais nítida. Era o holograma do Grandark.

-O quê você quer? – perguntei de mau-humor – JÁ VOU AVISANDO, QUANDO EU SAIR DAQUI, VOCÊ VAI MORRER!

-Calminha dragãozinho. – ele retrucou.

Olhei para mim, eu estava transformado em dragão.
“Se acalme, Selion.” Repeti para mim mesmo baixinho.

-O quê você quer? – repeti.

-Olha você aí, não posso deixá-lo assim, não é minha adorável assistente?

Richard apareceu ao lado de Grandark.

-RICHARD! – gritei surpreso.

-Ela não está linda? – Grandark perguntou.

Ela estava inteiramente vestida de preto e azul, com uma tiara de asas de morcego na cabeça, parecia real. Ela estava com um sorriso assustador no rosto. Um sorriso que dizia “quem será minha próxima vítima?”. Era perturbador.

-R-richard? – gaguejei.

Não parecia mais que ela era a mesma pessoa que tinha entrado comigo neste covil infernal. Não parecia mais ser a Richard que eu conhecia.
Parecia que, alguém havia tomado conta do corpo de Richard, fazendo-a ficar... Obsoleta. O corpo dela, ocupado com outra pessoa.
Mas isso era só na aparência. Eu torcia para que ela estivesse com a mente intacta, fingindo cooperar com Grandark ou sei lá.

-Quem é este, meu lorde? – Richard perguntou.

-Você não o conhece. Por pouco tempo. – Grandark explicou. – Ele se chama Selion. Ele é o... como posso dizer?

-É o...? – perguntei.

Sério, ele devia passar num psicólogo.

-É o nosso maior inimigo. O “ser divino”. Sua missão, é destruí-lo. Entendeu? – Grandark continuou.

-Como assim o “ser divino”? – estranhei.

-Você não sabe? Que bom, agora tenho um segredo seu que nem você sabe. Isso vai ser... Divertido. – Grandark zombou.

-Você têm algum problema mental? Conheço um ótimo hospital psiquiátrico lá no Peru. Você devia ir lá.

-Não zombe de meu lorde! – Richard retrucou.

-Quem vai me impedir?

Ouvi engrenagens se moverem. E senti uma gota de água caindo em cima de meu cabelo.

-Mas... o quê...? – perguntei olhando para cima.

Havia uma espécie de leão olhando para mim, babando.
“Mais essa agora.”

-Você conhece o Klutzy? – Grandark perguntou sorrindo.

-Se você não se comportar, ele será seu novo colega de quarto. – Richard completou.

-Podem colocar. Ele vai ser meu almoço, eu estou com fome mesmo.

-Hoho... – Grandark riu. – Esse não é o tipo de leão que você pode derrotar. Tentei dar uma outra olhada para ele.

Olhei para cima. O leão havia arrancado uma parte de seu rosto. E em vez de carne, músculos, ossos, esse leão, tinha uma espécie de brilho verde.

-Esse leão é feito de pura energia da pedra dos ventos. – Grandark explicou.

-P-pedra dos ventos? – gaguejei.

Grandark levantou as mãos, e me mostrou uma pedra verde cintilante.

-Onde você...?

-É confidencial. – Richard interrompeu.

-Claro que é... – resmunguei.

O teto se fechou.
“Então é de lá que eu vim.”
Interessante.
O holograma de Grandark e de Richard se desfez, e o Polar apareceu logo depois para me fazer companhia.

-O quê você quer?

-Vim trazer noticias de Melody. – Polar falou entregando um bilhete. – Comparada com a masmorra dela, a sua é tão tranquila...

Ele desapareceu logo após isso.
Desdobrei o bilhete e o li em voz alta.

-“Selion, vim lhe avisar que todos nós estamos trancafiados em celas diferentes, equipadas para nos prender por um bom tempo. Então não espere um resgate tão cedo. Outra coisa que vim dizer é: Grandark me avisou que vai mandar Richard ir aí atrás de você daqui a uma hora, então não fique parado, tente fugir...”.

O final estava queimado. Alguém havia tacado fogo nas últimas palavras de Melody. Não me importei, o que estava ali era suficiente.

-Então vai vir atrás de mim é...? Gostei da idéia.

Eu já sabia como sair daquela sala “fechada a vácuo”. Só precisa de um “pouquinho” de tempo.
Me transformei em dragão e voei para o teto. Bati de leve no teto, como se fosse uma porta. Um longo som de eco apareceu acima de mim.
Me lembrei do leão de Grandark. Com certeza era um holograma, dos bem fajutos por sinal.
Grandark podia até estar com a pedra do ar. Mas com certeza não sabe usá-la, disso tenho certeza.

-Vamos lá, Selion. – falei respirando fundo.

Peguei impulso e me atirei em direção ao teto.
Cai com tudo no chão.

-Ai... – falei coçando a cabeça. – Pensava que minha pele de dragão era mais dura.

Outro clarão ofuscou meus olhos. Já estava preparado para xingar o Grandark quando senti algo felpudo na minha mão.

-O quê? – perguntei.

Snowy. Ele estava lá, segurando alguma coisa com a boca.

-Como você e o Polar fazem isso? Eu preciso saber! – implorei.

Snowy me olhou com uma cara estranha.

-Aé, não fala...

Peguei o objeto da boca de Snowy e sentei no chão para analisar.

-Luz por favor?

Snowy sentou ao meu lado e ficou quieto. Ele parecia com sono.
Joguei fogo para cima, e uma luz laranja e brilhante cobriu o lugar. Era a pedra da luz. Era isso que o Snowy havia trazido para mim. Mas para quê? Eu não sabia usar aquilo.
Levantei e apontei a pedra para uma das paredes.
Adivinha o quê aconteceu. Nada, nadinha mesmo. Nem luz saía daquela pedra, o que fazia eu duvidar do nome dela.
Encarei Snowy. Depois encarei a pedra. Quando fui olhar para Snowy de novo, ele não estava mais lá.

-Me leva com você!

Deitei de bruços no chão e pensei quando Richard viria.
Talvez a pedra servisse para ajudar a lutar. Ou não.
Nem deu tempo para pensar direito que o teto se abriu. Richard havia chegado?
“O tempo passa rápido mesmo.”
Me levantei e me preparei para lutar. Ninguém apareceu, eu só ouviu um sussurro.

Selion! Ei! Olha eu aqui!

-Quem está aí? – perguntei alerta.

-Sou eu! Mariana! Venha. – ela sussurrou.

“Mariana?” Pensei lembrando que ela havia sumido de uma hora para outra.

-Onde você foi? – perguntei enquanto voava em sua direção.

-Agora não dá para explicar! O tempo está se esgotando, vamos! Rápido! – ela me apressou abrindo uma porta no meio da grade que separava a sala do mundo lá fora.

“Enfim liberdade.”

Você não sabe o quê é liberdade...

-Disse alguma coisa, Mariana? – perguntei confuso.

-Ãn? A última vez que falei foi quando disse para você se apressar. – ela respondeu subindo em uma escada. – A escada está bamba, tome cuidado.

“Se ela não disse aquilo...”
Eu devia estar ouvindo coisas, isso sim. Deve ser efeito do quarto de tortura do Grandark. Eu espero.
Eu e Mariana subimos a escada com cuidado. Depois da pequena subida, eu podia ver mais algumas portas. Algumas com paredes ao redor transparentes, outras coloridas. Se via de tudo ali.
Um lugar me chamou a atenção. Uma sala com paredes transparentes e com uma porta de metal.
Adivinha o quê tinha lá? Uma menina de cabelos negros e pontas roxas, gritando, grudada no teto.

-Olha lá, a Melody! – gritei.

Corremos até lá e Mariana abriu a porta com uma chave escura.
O chão da sala estava coberta de aranhas. Os gritos de Melody eram tão agudos que faziam meus ouvidos doerem. O eco da sala ajudava nisso.

-Acho que ela tem medo de aranha... – Mariana suspirou.

Taquei fogos nas aranhas, matando-as e ajudei Melody a descer.

-O-obrigada. – ela falou com nojo dos pequenos insetos. – Como era sua prisão?

-Um quarto preto fechado a vácuo.

Melody me olhou brava.
“Não olha pra mim, foi idéia do Grandark.”

-Temos que salvar os outros. – Melody suspirou.

-Eu faço isso, vocês vão atrás do Grandark. – Mariana falou correndo para o sul.

-O.K. Agora é conosco Melody. Alguma sugestão? – perguntei.

-Não, mas ela deve ter. – Melody apontou.

Olhei para trás. Richard estava lá. Brava e furiosa, como se fosse explodir. Mal pude dizer alguma coisa que ela veio em minha direção e me atacou.

-MELODY! – gritei desviando de seus ataques.

Melody deu um soco nas costas de Richard e ela caiu no chão desarmada.

-Fraqueza dela. Vamos, não temos muito tempo! – Melody gritou.

Richard estava começando a se levantar. Eu e Melody corremos o mais rápido que conseguimos.
Richard começou a correr atrás de mim novamente.
Porque ela não me dá um tempo e corre atrás da Melody?
Eu e Melody nos deparamos com uma bifurcação. Não conseguíamos ver Richard, então seguimos pela direita e demos logo de cara com uma porta. Melody a abriu com cuidado e eu entrei. Adivinha o quê tinha lá?
Um quarto. Com uma ponte que levava a uma cama com alguém dormindo. Melody e eu pisamos na ponte com cuidado. Era bem firme. Olhei abaixo dela. Um rio, com águas claras, e corria livremente.
Atravessamos com cuidado a ponte, e quando chegamos do outro lado vimos Grandark roncando em cima da cama toda bagunçada.
O cobertor estava no chão, o travesseiro estava dobrado, o lençol embolado...

-Vamos procurar as pedras. – sussurrei.

Comecei a abrir cuidadosamente todas as gavetas. Depois retirei todo o conteúdo na busca pelas pedras.
Senti algo atrás de mim.

-O quê você quer Melody? – sussurrei.

Não obtive resposta. Me virei.
Grandark estava na sua forma de lobisomem, me encarando.
Me preparei para atacar mas algo me interrompeu.
Os olhos de Grandark. Eles estavam fechados. Melody se aproximou de mim.

-Ele é sonâmbulo. – ela disse em meu ouvido e depois voltou a sua busca.

Não liguei para Grandark e voltei a procurar. Não obtive resultado. Só achei um monte de tralhas, como cartas, lápis, papel, roupas, etc. Mas nem sinal da pedra da escuridão ou do vento.
Me abaixei e abri uma portinha. Havia um molde lá, com espaço para as seis pedras. Mas nenhuma estava lá. Senti alguém me cutucar.
Uma dor imensa percorreu meu corpo. Olhei para trás. Grandark estava 100% acordado, e ele estava me atacando com suas garras.

-ARGH! – gritei dolorido.

Melody chegou por trás dele e bateu em sua cabeça com um cajado. Me afastei de Grandark e fui para perto de Melody.

-COMO ESCAPOU? – ele gritou.

-Seu calabouço é uma porcaria sabia? E a comida é nota 4. – brinquei.

-Grrr... – ele grunhiu.

-Selion, corre que eu cuido dele. – Melody mandou.

-Nem vem – falei pegando meu arco e flecha – eu também quero “brincar”.

-Selion, não é hora para isso, vai AGORA! – ela ordenou.

Me afastei e atravessei a ponte.

-Arkina! – Melody conjurou.

Uma das pontas da ponte se quebrou, e pouco a pouco, a ponte caiu no rio. Os olhos de Melody brilhavam. Essa batalha era dela, agora eu conseguia ver isso.
Saí do quarto apressadamente e dei de cara com Mariana e Adrian.

-Cadê a Blanorcana? – perguntei.

-Selion... Eu... – Adrian falou com medo.

Eu o encarei. Pela cara dele, dava para ver que ele estava suando, e muito por sinal, mas se secou com seus poderes aquáticos.

-Ela... Foi pega pela Richard. – Mariana completou triste.

Mais essa agora.

-Cadê a Melody? – Mariana perguntou cortando o silêncio.

-Lutando contra Grandark. A luta é dela, não se metam por favor. – expliquei.

Comecei a andar.

-Para onde vai? – Adrian perguntou.

-Salvar uma amiga.

Andei mais rápido. Adrian e Mariana foram atrás de mim. Logo, logo cheguei ao lugar por onde começamos. E adivinha quem estava lá? Richard e Blanorcana (presa numa esfera azul).

-Chegaram minhas presas. – Richard riu.

-Olha, se quer lutar, vamos lutar, mas deixe meu amigos em paz! – reclamei.

-Não é assim que funciona comigo. – Richard explicou estalando os dedos.

Duas feras azuis saíram de sei lá onde e nos encararam.

-Já conheceram meus amiguinhos?

Eram como tigres dente de sabre, mas tinham asas e chifres. Eles erradiavam uma substância azul. Só havia uma explicação. A pedra do vento.
Adrian ficou um pouco amedrontado, diferente de Mariana, que parecia ter tudo sob controle.
Mariana assobiou. E as feras raivosas, pareciam que ficaram mais calmas.

-Bom trabalho. – falei gratificante.

Ela não respondeu. Só sorriu e chegou perto dos monstros, acariciando-os.
Os monstros azuis se voltaram contra Richard e rosnaram.
Richard levantou a pedra do vento num movimento rápido, e eles foram reduzidos a pó.
O sorriso de Mariana desapareceu.

-Richard, nós não queremos brigar com você. – Mariana explicou.

-Que dó. – ela falou descendo de cima da esfera azul onde Blanorcana se encontrava presa. – Mas eu quero brigar com você.

Richard correu até Mariana e fez uma chave de braço nela. Mariana gritou.
Adrian, num reflexo, atirou água contra a Richard, sem muito efeito. Corri até Richard e a atirei longe. Mas Richard aproveitou o espaço e se lançou contra mim. Mariana se recuperou e correu para me ajudar. Adrian tentou soltar Blanorcana.
Eu lutava para tirar Richard de cima de mim. Ela não parava de me soquear e chutar. Era estranho ela não usar seus poderes contra mim.
Tentei me esquivar o máximo que podia, eu não iria conseguir bater em uma amiga.
Richard continuava atacando e atacando, até que uma hora, para minha felicidade, ela se cansou.
Ofegante, Richard pegou a pedra dos ventos, que começou a brilhar e cintilar, e ameaçou fincar ela em mim.
E foi isso que ela fez, porém, a pedra da luz saiu do meu bolso e se chocou contra a do vento, causando uma explosão que arremessou Richard até a parede.
Neste exato momento, Adrian libertou Blanorcana, que foi asfixiada dentro da esfera azul. Adrian a levou até Mariana, que também foi atingida durante a explosão.
Me levantei e segurei a pedra com força. Minhas escamas de dragão brilhavam.

-Não é mais tão poderosa assim, não é? – gritei para ela.

Não houve resposta. Tudo havia ficado silencioso. Eu não avistava Richard.

-Droga. – resmunguei.

De repente, tudo ficou mais escuro. E houve uma grande explosão vindo da direção do quarto de Grandark.

-Melody... N-não... – falei em tom triste.

Eu tentava não pensar nisso. Mas o que havia acontecido era inevitável. Ela realmente se sacrificou por nós.

-Seu sacrifício... Não vai ser em vão! – Adrian falou confiante atrás de mim.

Aquelas palavras...
De um momento para o outro, tudo ficou branco. Um enorme clarão me atingiu. A visão era toda embaçada, eu só conseguia enxergar uma grande luz branca, cinco sombras, e uma “coisa” quadrada.

Você terá que fazer o sacrifício! Por todos nós.
M-mas... Eu não estou pronto para isso...
Nós sabemos que você fará a coisa certa!
Estaremos com você. Seu sacrifício não será em vão.

E então eu ouvi outra enorme explosão, e o clarão se dissipou, a última coisa que vi foi um rosto. Um rosto de uma pessoa com cabelos negros e olhos prateados. Esse rosto, não me parecia ser estranho.
Quando consegui ver tudo claramente de novo, vi vários fios na minha frente.

-O quê é isso? – falei aproximando uma das minhas garras até um dos fios.

-NÃO! – alguém gritou atrás de mim.

Era Mariana. Ela, Adrian, e Blanorcana estavam cercados de fios prateados, vermelhos e verdes.

-O quê é isso?! – repeti.

-Richard. – Blanorcana explicou.

Olhei para frente. Richard estava segurando a pedra dos ventos. Os fios saíam cintilantes da pequena pedra coberta por uma força de luz estranha.

-O quê pretende fazer com isso? – perguntei para ela.

-Toque em um dos fios e descubra. – ela provocou.

Armadilha. Estava na cara. Mal pude pensar no que havia acontecido, sobre o clarão e coisa e tal. Meus amigos precisavam de mim.
Estiquei um pouco minhas asas, e voei cuidadosamente para cima. Toquei em dois fios no caminho, mas nada aconteceu.
Poucos segundos depois eu estava livre. Mas, alguma coisa me puxou para baixo com força. Quando abri os olhos novamente, estava sendo empurrado para baixo, no chão sólido. O piso havia rachado com minha queda.

-É hora da vingança! – uma voz estranha gritou de algum lugar.

Fiz força para virar a cabeça, e vi Melody. Mas ela estava diferente. Seu cabelo estava inteiramente preto, sua roupa era vermelha e preta, e uma força sombria circulava seu corpo. Igual a Richard.

-V-você! – Richard gaguejou.

Melody empunhava a pedra da escuridão.

-Vamos ver quem é a mais maligna entre nós duas! – ela falou fazendo um feitiço que dissipou os fios. Todos nós nos afastamos.

A coisa ia ficar feia.
Melody ia cuidar da Richard por um tempo. Aproveitamos o tempo para ver se Blanorcana estava bem. Olhei para o lado. Richard e Melody se encaravam bravas.
Acho que estão esperando alguém fazer o primeiro movimento.
Nos escondemos rapidamente e, enquanto Mariana dava uma olhada em Blanorcana, eu e Adrian olhávamos para Richard e Melody, que por sinal estavam erradiando muito mais magia negra. A coisa ia ficar muito feia.

-O quê está esperando? – Melody gritou. – VENHA ME ENFRENTAR!

-Como quiser. – Richard respondeu correndo como o vento, empunhando numa mão seu leque, e na outra a pedra do vento.

No meio do caminho ela se virou bruscamente, e foi em nossa direção.
Automaticamente me transformei em dragão e atirei fogo nela. Porém, não adiantou.

-Isso fica comigo. – ela disse fazendo um movimento com o leque.

A pedra da luz voou da minha mão para o bolso dela. Ela trocou a do vento pela da luz e então se voltou contra Melody.
Eu fiquei olhando para minha mão, perplexo.
Eu tinha vontade de ir lá e arrancar todas as pedras delas, mas eu tenho certeza que eu não conseguiria isso.
Adrian formou um escudo de água ao nosso redor.

-De onde veio essa água? – Mariana perguntou.

-Do cano d’água em baixo de seus pés.

Ouvimos um leve rangido.

-Seu idiota. – Blanorcana murmurou.

O chão fez um chiado irritante e então, uma poça de água começou a se formar no chão.
A gente se distraiu tanto com a água do Adrian que acabamos esquecendo de olhar a luta.
Quando ergui a cabeça, vi uma enorme esfera cercar Melody e Richard.

-Pessoal... Vejam isso.

Adrian e Mariana olharam. A essa altura, Blanorcana já estava consciente.

-Elas... Pararam de lutar. Parecem que estão presas no tempo ou algo parecido. – Mariana explicou.

Olhei bem para a grande esfera negra e branca ao mesmo tempo. Eu via Melody e Richard paradas lá dentro. Melody estava quase fincando uma espada no pescoço de Richard, e Richard estava quase enfiando seu leque no meio do pescoço de Melody. E no meio delas, duas coisas estavam voando e se batendo no ar.
As duas pedras de Elementra.

-Pessoal... Eu lembrei de uma coisa... – Mariana falou olhando para a esfera.

-Que coisa? – perguntei.

-Snape e Lief também estão no Grand Destruction.

-E daí? – Blanorcana disse coçando a cabeça.

-Eles estão aqui. – ela falou se virando para mim.

Olhei para a porta. Duas sombras estavam nos encarando.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Magna u-u'

Olá pessoal da Terra.
Acontece, que como estou de castigo é díficil escrever os capítulos, mas isso não impede de continuar postando. Aqui está a foto de um desenho que fiz sobre um Ser chamado Magna. Logo saberão mais dela.


É isso, eu tenho um segundo desenho dela, que é sua evolução, mas tá feio então não vou mostrar agora.
Até logo.

By ZacPonDuel.

sábado, 10 de novembro de 2012

As Pedras de Elementra. Capítulo 18


18. As escadas d’água


 -Hey! – Richard reclamou.

-Não é hora pra bancar a forte! – gritei correndo.

Richard pousou delicadamente no chão, fechou a porta após passarmos e gritou para corrermos. Tentei voltar mas Richard me olhou com uma cara que dizia que eu morreria se não obedecesse.
Corremos o máximo que conseguíamos.

...

Paramos perto de um lugar bem longe onde podíamos nos esconder.

-Arf arf... – Adrian respirava com dificuldade.

-Melody, não pode fazer um feitiço de cura ou... – falei me virando.

Percebi que ela não estava lá.

-Melody? – chamei.

Mariana sentou no chão e apontou para a porta.

-Foi ajudar a Richard – falou brevemente.

-Por que não nos avisou?! – Blanorcana perguntou.

-Eu só fui descobrir agora tá? – ela respondeu num tom alto de voz.

-Eu vou lá – falei.

-Não vai não! – Adrian interferiu.

Não dei a mínima importância para o que ele disse e comecei a voar em direção das duas. Olhei para trás e o vi correndo atrás de mim.
Taquei fogo na frente dele, então ele parou e foi junto de Mariana e Blanorcana.
Eu via de longe elas segurando a porta, que estava praticamente se desmontando em cima delas.
“Não vou chegar a tempo” a frase ecoava na minha mente num ritmo perturbador. Tentei apressar o passo, digo, as asas. Porém antes de eu chegar até elas, vi a porta se romper, e a enorme criatura que agora mal passava pela porta, erguer o seu longo  pescoço até elas e soltar um longo rugido, seguido de uma enorme bola de fogo.

-NÃO! – gritei.

A suposta vaporização das duas me fez perder o equilíbrio e caí com tudo no chão. Me levantei e olhei ao redor. Fiquei aliviado, vi as duas se escondendo do lado da porta. “Elas podiam ter avisado que sabiam teletransporte!” reclamei mentalmente.



“Foi mal.” Uma voz ecoou na minha mente.
Olhei para Melody, e ela sorriu sem jeito. Mal pude olhar para frente, que o gigante dragão me deu um soco, e eu voei numa velocidade “ esplendorosa” até uma parede perto do lugar onde Adrian e Blanorcana se escondiam.

-V-você está bem? – Blanorcana perguntou.

-Fiquem parados aí – falei.

De repente, o Polar apareceu e olhou fixamente para Adrian e Blanorcana.

-Eu cuido deles – ele falou com aquela voz robotizada.

-Valeu amigão – respondi voando em direção ao grande dragão que havia parado de crescer.

-E então... Quem é você mesmo? – ouvi Blanorcana perguntar.

Voei o mais rápido que pude, e surpreendentemente, cheguei ao meu destino em menos tempo que da ultima vez. A parte ruim, é que quando cheguei lá... Melody já estava cansada de tanto teleportar, e por isso estava indefesa.

-Eu vou ajudar! – gritei.

Comecei a tacar fogo no dragão, para dar tempo de elas fugirem. Mas nada aconteceu, ele não reagia.
Atirei mais, mais e mais fogo nele, mas tudo que ele fazia era lançar uma espécie de fogo azul em Richard e Melody. Richard lutava para conseguir desviar os ataques usando seu leque.
Do nada, senti algo no meu ombro.
Não demorou muito para ver que o Lenny, meu Pufi verde, estava no meu ombro olhando bravo para o dragão.

-O que você quer? – falei apressado.

Sem fazer nenhum barulho ou ruído, ele pulou no dragão e começou a soltar faísca.

-Mas... O quê é isso? – Richard falou descansando, pois o dragão tinha parado de atacar.

-Eletricidade estática... – Melody murmurou se levantando.

-Como assim? – Richard perguntou.

O dragão começou a ficar menor, percebi que Lenny estava começando a se cansar. Olhei para Melody e Richard, e vi que Melody estava comendo uma coisa que parecia uma semente de girassol.
Lenny estava soltando menos faíscas.

-Solenium! – Melody gritou, enquanto apontava um cajado para o dragão.

-Aaaaah! – Richard falou protegendo os olhos da grande claridade que saia do cajado, e atingia o peito do dragão.

Eu ficava olhando, admirado, o grande relâmpago que Melody havia atirado no dragão, que a esta altura, já estava bem menor que antes.
Resolvi ajudar. Me concentrei e comecei a atirar fogo no dragão, mas não era o que eu queria.
Parei um pouco e olhei fixamente para os olhos do dragão. Ele não parecia tão mau agora, que estava ficando quase do tamanho de uma pessoa normal.
“Será que eu consigo atirar mais alguma coisa que não seja fogo?” pensei. Talvez Richard soubesse a resposta, mas essa não era uma boa hora.
Voltei ao normal e aterrissei no chão.

-Vocês estão bem? – perguntei.

-Sim, nada que uma semente da vida não resolva – Melody falou sorrindo.

“Sim, nada que uma semente da vida não resolva.” Essa frase não parava de ser repetida na minha mente. Eu não conseguia parar de ouvi-la. Estava me agonizando.
Teve uma hora, que a frase tinha outra voz, uma voz mais fina que a de Melody, uma voz que me parecia familiar, mas que, pelo menos eu acho, nunca ouvi antes.

-Selion! Selion! – Richard me chamava.

Abri os olhos e vi Richard me olhando de um jeito esquisito, enquanto Melody acariciava Lenny, e na outra mão segurava uma gaiola com um minúsculo dragão azul.

-O que houve? – perguntei coçando a cabeça.

-Você... Caiu no chão e começou a gemer – Richard explicou.

-E nós conseguimos um novo aliado – Melody disse, apontando para o dragão na jaula. – Ele só nos atacou porque estava com a pata machucada, e pensou que iríamos machucá-lo.

Passei a mão na minha cabeça, e lembrei na hora.

-ADRIAN E BLANORCANA! – gritei.

Corremos até eles o mais rápido que pudemos, mas era tarde. Eles estavam “eletrocutados” no chão, devido ao efeito do Polar.

-Eles tentaram fugir – Polar falou enquanto mordia uma pedra de gelo. – Quer?

-Eu aceito.

Peguei o gelo de Polar, e comi.

-Hmmm, isso é tão bom pra esfriar um pouco a cabeça – desabafei.

-E quanto a eles? – Richard perguntou.

Antes de alguém conseguir responder, o chão tremeu, e uma parte do teto se abriu.

-O que é isso? – Polar perguntou.

-Não sei, e não quero descobrir – Richard falou.

-AMANDIU! – Melody falou com uma voz tão alta que ecoou por todo o lugar.

Com o feitiço de Melody, Adrian e Blanorcana acordaram rapidamente.

-O que houve? – Adrian falou atordoado.

-Nada. Agora corre! – Richard falou empurrando os dois.

-Por quê? – Blanorcana reclamou coçando os olhos.

Ninguém respondeu. Só começamos a correr.
Blanorcana ficou parada, imóvel, e olhou para trás. Um segundo depois ela estava correndo do meu lado.

-Podiam ter avisado né? – ela reclamou.

Corremos, corremos e corremos. E quando chegamos no fim da “sala”, adivinha o que achamos. NADA! Não havia nada, só um monte de pedras.

-E agora? – Adrian perguntou.

-Hã... Vamos tentar tirar as pedras do caminho – falei sem pensar muito. – Só quero sair logo daqui.

-Claro – Richard falou atirando algumas pedras pra longe.

Comecei a tirar as pedras do caminho, mas eu estava totalmente exausto de ficar voando pra lá e pra cá. Eu estava tonto, com dor de cabeça, cheio de problemas, mas não era isso que iria me impedir de fugir de lá.
Isso mesmo, eu queria fugir, não conseguia suportar mais aquele covil. Tirei pedra por pedra do caminho, sem nem olhar para trás, até que ouvi alguém me chamar.

-Selion! Selion! – Blanorcana gritava no meu ouvido.

-O que você quer? – perguntei irritado.

-Você sabe que está tirando a mesma pedra do caminho a uns dois minutos né? – Adrian reclamou.

-E-eu estou? – falei olhando a pedra em minhas mãos.

-É – Melody falou me entregando uma semente. – Coma, vai se sentir melhor.

Engoli a semente rapidamente e senti minha energia voltar como num estalo de dedos.

-Uau! Isso é bom. – exclamei.

-Que bom que gostou, agora pare de enrolar e vamos que Richard não vai aguentar por muito tempo – Melody alertou.

Olhei para o lado, Richard estava praticamente desmaiada no chão tentando jogar a última pedra (a maior de todas) pra longe.

-E-estou quase desbloqueando a p-porta... – Richard falou exausta.

-Deixa que eu termino o serviço – Melody falou fazendo um encantamento para levitar a pedra para longe.

O feitiço de Melody não foi muito eficaz, mas colocou a pedra a uma distância razoável, que nos deixasse atravessar a porta.

-Por que não fez i-isso antes? - Richard reclamou tentando levantar.

-Desculpe – Melody pediu.

-Tudo bem, vamos indo – Richard ordenou.

Olhei para trás uma última vez antes de seguir em frente, e percebi o que era aquilo descendo do teto. Um enorme aspirador de pó, bom, na verdade, uma parte dele.
Tentei avisar alguém sobre aquilo, mas ele começou a funcionar, e uma enorme força de sucção começou a funcionar. Me segurei na porta, e todos os outros fizeram o mesmo, menos Richard, que estava fraca, e consequentemente, foi pega.

-NÃO COMIGO AQUI! – Melody falou se soltando e indo em direção de Richard.

Mas, Melody não chegou a tempo. Richard foi aspirada para dentro e logo depois, o enorme objeto escuro saiu da sala rapidamente da mesma maneira que entrou. A enorme quantidade de ar que o aspirador havia puxado, rapidamente se dissipou, fazendo com que todos nós caíssemos brutalmente no chão.

-Bem que o Grandark poderia ter colocado um chão mais macio... – Blanorcana reclamou.

Olhei para Melody, ela atirava rajadas de energia freneticamente para cima, mas não dava em nenhum resultado.
Eu, Adrian e Blanorcana nos aproximamos com cuidado, e quase fomos acertados por uma bola de fogo.

-EU AVISEI! ERA PARA ME ESPERAREM LÁ FORA, E AGORA OLHA O QUE FIZERAM! – Melody gritou, quase chorando.

-S-se acalma – Blanorcana pediu.

-VOCÊS VIRAM NO QUE DEU NÃO ME OBEDECER? – Melody gritou mais alto.

-Sim. Mas havia uma razão para nós estarmos aqui. Não importa, se você não gostou, nós viemos ajudá-la. Você estaria aqui sem a nossa ajuda? – expliquei.

Ela ficou em silêncio. Segundos depois ela se levantou e andou em direção a porta, em que havíamos nos segurado antes.

-Aonde vai? – Adrian perguntou sorrindo.

-Salvar uma amiga.

...

Eu estava sozinho. Vagando sozinho pelo covil secreto de Grandark, nosso atual arqui-inimigo.
“Selion, como você vai achar alguma coisa nesse corredor vazio?” pensei sem parar.
Parecia que eu estava andando a horas, pelo mesmo corredor, sem nada na minha volta, só parede sólida, pintada de um cinza claro.
Eu havia me separado de meus companheiros, logo após de Richard ter “desaparecido”.
“Eu devia ter escolhido um outro corredor.”
Após atravessarmos a porta, que Richard havia liberado para nossa passagem, nós encontramos quatro corredores, a melhor escolha era nos separarmos. Adrian foi com Blanorcana, e eu e Melody seguimos outros caminhos.

-Que chato. – reclamei. – O quê será que está acontecendo com os outros?

A tocha que eu havia encontrado no início do corredor, estava começando a se apagar. Taquei mais fogo em cima dela, mas não adiantou. Poucos minutos depois, eu estava completamente no escuro.

-Isso não acaba? – falei parando um pouco.

Num ato repentínuo, o Polar apareceu em minha frente, clareando a escuridão.

-Onde estava? Eu preciso de ajuda aqui, sabia? – resmunguei.

-Mas... Você não está fazendo nada. – Polar respondeu.

-Eu estava no escuro, minha tocha não está funcionando, e se por acaso tivesse uma porta, ou um quarto suspeito lá atrás que eu não pudesse enxergar?

-Com certeza não tinha nada. – Polar falou com uma voz seca.

-Como você sabe?

-Eu analisei o lugar... Você está em um círculo vicioso, como naquele labirinto.

-O QUÊ? – falei irritado.

Notei que o Polar olhava fixamente para o chão. Olhei também.

-O quê têm o tapete? – Perguntei.

-Tire-o da frente. – Polar ordenou.

Coloquei fogo nele, reduzindo-o a pó, e tudo ficou mais claro, havia um interruptor lá.
Apertei o pequeno botão azul com o pé, e uma parede se abriu na minha frente, através dela, vi Melody segurando uma vela.

-Melody? – perguntei.

Antes que eu pudesse agradecer a ajuda, o Polar já havia sumido, ido para sei lá onde.

-Selion? – Melody devolveu.

-O Polar me deu uma ajudinha...

-Venha, eu acho que descobri uma coisa, mas preciso de você. – Melody contou.

Atravessei o buraco na parede, e me deparei com uma gárgula segurando uma esfera azul com a boca.

-Têm uma inscrição em cima dela, na parede. E diz que: “ Você deve acender a esfera, com sua chama interna.”.

Fiz sinal de positivo para ela, e joguei fogo na esfera, fazendo-a brilhar intensamente.
Ouvi sons de engrenagens, e pouco depois, eu ouviu o sonoro grito de Adrian e Blanorcana, que caíram ao meu lado.

-Como foi o passeio? – Melody riu.

-Háhá, to morrendo de rir. – Blanorcana falou frustrada.

-E agora? – perguntei.

-Sei lá... – Melody respondeu.

Olhei ao redor, e percebi uma coisa estranha.

-Aquela escada sempre esteve ali?

                                                                       ...

-Ai... Que dor de cabeça... – falei tonta.

Olhei ao redor.

-Onde estou? – falei tentando mexer os braços. – Ei! Não consigo me mexer!

-E você não deveria Richard. – Grandark falou entrando na sala. – Bem-vinda ao meu calabouço. Você pode ficar e aproveitar o lugar... Ou se juntar a mim.

-Bem capaz. Prefiro morrer do que ajudar você.

Eu estava presa. Totalmente grudada do pescoço aos pés, por uma gosma roxa estranha.

-O quê exatamente é isso? – perguntei.

-Você gostou? É mais um dos benefícios de ter a pedra da escuridão...

Encarei Grandark.

-Você não vai se safar dessa! – gritei tentando sair de dentro dessa gosma.

-Calminha, sempre que se mexe, mais apertado vai ficar aí dentro.

Grandark chegou mais perto, e se ajoelhou ao meu lado, segurando a pedra da escuridão. Ele vestia roupas totalmente pretas, com detalhes vermelhos, camiseta preta, calção preto.

-Escolha. Vai se unir a mim, ou...

-NUNCA! – gritei o mais alto que pude.

Dessa vez, eu estava sozinha.
Ele aproximou a pedra da escuridão de mim, me encarando.
“O quê esse maluco vai fazer?”
E então, ele colocou a pedra sob minha cabeça. Tudo que eu pensava era... Destruir!
A gosma se desfez.

-Bem-vinda, hà Grand Destruction, Richard. – Grandark falou sorrindo maliciosamente.

-Sim, meu lorde. – falei fazendo reverência.

Grandark tirou de seu bolso um celular, e me mostrou uma foto de quatro jovens.

-Quem são esses, meu lorde? – perguntei.

-As pessoas que você deve destruir.

                                                                    ...

-Mais rápido pessoal! – Melody gritou. – Richard está em perigo.

-Essa escada por acaso não tem fim? – falei ofegante.

-Têm sim, ali na frente. – Adrian falou tomando água.

-Da onde veio essa água? – Blanorcana perguntou com cara de sede.

-Eu coloquei pressão nos canos de água, lá atrás, então usei meu poder sob a água para colocá-la dentro desta garrafa. – ele explicou.

-VOCÊ FEZ O QUÊ? – eu e Melody gritamos.

Não demorou muito para vermos a água começar a subir em nossos pés.

-Que sensação gostosa... – Adrian falou folgado.

Blanorcana pegou Adrian pela gola de sua camisa que agora estava encharcada, não sabemos o porquê.
Começamos a subir mais e mais rápido.

-Ei, para de me chutar Adrian! – reclamei.

-Oi? – Adrian falou alguns degraus a frente.

-Espera um pouco... Se você está aí... – raciocinei.

Me virei, e olhei para meus pés, havia várias piranhas ao redor deles.

-MAS O QUÊ É ISSO? – gritei para o teto, esperando que Grandark estivesse vendo.

Comecei a subir voando, transformado em dragão. A água subia mais, e mais.
“Qual o tamanho do buraco que o Adrian fez naquele maldito cano d’água?” reclamei por pensamento.
Era surpreendente a velocidade com a qual a água vinha aparecendo, em poucos minutos, o corpo de Melody, Adrian e Blanorcana, estavam coberto de água até o pescoço. Para a minha sorte, o teto era grande. Olhei para trás.
A escada, que era totalmente branca, e dava várias voltas em círculos, estava totalmente azul, coberta de água.
Eu fui voando cada vez mais para cima, sem perceber para onde estava indo, eu estava muito distraído com o que estava ocorrendo. E antes que eu pudesse ver para onde estava indo, num ato  repentínuo , bati minha cabeça com força em alguma coisa.
Cai com tudo na água, já transformado em humano, e fiquei boiando até Melody sair debaixo da água rodeada por um escudo azul, e me acordar me dando um tapa na nuca.

-Acorda. – ela reclamou.

Olhei, quieto, para o local onde bati a cabeça, e percebi uma coisa. Eu havia batido a cabeça numa espécie de alçapão!
“Finalmente um local de fuga.” Pensei aliviado.
Avisei o pessoal sobre o alçapão, e o primeiro que reclamou foi Adrian, com a questão: “Como vamos chegar lá?”.
Ora essa, é simples, eu e Melody vamos voando, Adrian faz uma escada mágica de água ou sei lá o quê, e Blanorcana vai de carona com Melody.
Expliquei meu pequeno “plano” para o pessoal, e todos acharam uma boa ideia.

-Simples e eficaz. – Melody aprovou.

-Obrigado. – falei virando dragão e voando até o alçapão.

Girei a maçaneta e puxei a porta. Nada aconteceu. Tentei empurrar a porta, mas também não funcionou. A água continuava a subir, e subir.

-Vai demorar muito? – Adrian apressou.

-Er... Está trancada... – falei pousando na escada encharcada.

-O QUÊ? – todos gritaram.

A água subiu até o meu pescoço, e afundou a cabeça de todos, que lutavam para subir para cima.
A corrente da água estava mais forte. E foi subindo, e subindo.
Até chegar ao teto, e todos afundarmos lentamente... Completamente sem ar...