6. Erupção.
Esquivei dos golpes de
meu oponente, e atirei fogo contra ele. Mas novamente, ele cortou o fogo com
suas garras, repelindo-o. Eu me afastava dele, tentando ganhar tempo, até que
chegou um ponto, que quase caí para trás. Eu estava na borda do vulcão, um
passo para trás e eu caía na lava fervente. Se bem que, cair na lava não seria
tão ruim...
Meus pensamentos foram
interrompidos quando fui acertado no peito com as garras congeladas de meu
inimigo. Eu quase caí no chão de dor.
Senti a raiva percorrer
pelo meu corpo. Sem notar, me transformei em dragão. Meu oponente
tentou me acertar novamente, mas eu agarrei seu braço antes que pudesse me
atingir. Eu o ergui no ar, e joguei-o no vulcão. Eu o vi cair, e alguns
segundos depois sumir de vista.
Mas isso não durou muito.
Eu ouvi um barulho estranho
de dentro do vulcão. Ao me aproximar, em um movimento muito rápido, ele pulou e
voltou ao topo do vulcão. Ele se apressou para me atacar novamente, mas eu
desviei. Chutei sua perna e logo depois dei-lhe um soco, mirando em seu olho.
Ele desviou a cabeça, agarrou minha mão e me acertou com suas garras no meu
braço livre, e depois me empurrou.
Antes que eu pudesse
reagir, ele cravou suas garras no meu braço. A dor se espalhou pelo meu corpo.
Gritei de dor.
Tentei retirar as garras
dele de mim, mas não obtive sucesso.
E então, de um momento
para outro, uma rajada de vento acertou meu inimigo, e o empurrou para longe.
Me virei.
Richard sorriu, e então
apontou para meu oponente, que já estava levantando. Lief tentou acertar
Richard, mas ela se defendeu com seu leque.
Me virei para meu
oponente. Ele correu em minha direção, pronto para me atacar com suas garras.
Voei para cima dele, esperando ganhar um tempo, e joguei bolas de fogo contra
ele. Como eu esperava, não teve efeito.
-Pode acabar com ele,
Sylfer. É uma ordem. – Lief mandou, enquanto lutava com Richard.
Então seu nome era Sylfer...
De um momento para o
outro, me lembrei de meu arco e minhas flechas. Como é que consegui esquecer
disso?!
Peguei meu arco e atirei
flechas contra Sylfer. Ele agarrou as flechas no ar antes de acertá-lo, e as
jogou contra mim. Desviei.
“Isso não têm efeito
nenhum nele!” pensei.
Sylfer me encarava com
seus olhos vermelhos lá de baixo. Ele estava esperando eu descer, para acabar
comigo. Eu não podia ficar lá para sempre.
-Covarde. – Sylfer
resmungou, e caminhou em direção de Lief e Richard.
Eu pousei no chão, corri
até ele, e acertei um soco, com toda a força que eu conseguia em meu modo
dragão, nas suas costas. Sylfer cambaleou para frente, depois se virou para mim
e sorriu. Um sorriso ameaçador.
Ele agiu como se não
tivesse sentido nada, e com suas garras, acertou meu braço. A cada golpe,
parecia que as garras de Sylfer ficavam mais frias.
Cambaleei para trás e
quase caí. Reuni forças e tentei jogar Sylfer no vulcão novamente, mas não
consegui. Ele esquivou e cortou meu rosto com suas garras. O sangue escorreu
pelo meu rosto, eu podia senti-lo. Sylfer se aproximou devagar.
Não desisti! Tentei ir
para cima dele, e bloquear os movimentos dele. Mas ele foi mais rápido, pegou
meu braço e o cortou, e depois me jogou contra o vulcão.
Eu segurei com minhas
mãos na borda dele antes de cair.
O vapor quente do
vulcão,parecia me regenerar. Eu olhei para baixo e vi a lava fervente
borbulhar, alguns metros abaixo de meus pés de dragão. Sacudi a cabeça e me
concentrei. Tentei subir, mas uma de minhas mãos escapou. Olhei para cima,
Sylfer estava com um sorriso maldoso na cara.
Eu sabia o que ele estava
pensando.
Usei minhas asas e voei
para cima. Assim que teve oportunidade, Sylfer atacou minhas asas com suas
garras congeladas. Eu estava muito ferido para aguentar. Caí. Mas uma parte de
mim não via isso como uma coisa ruim. Respirei fundo antes de cair na lava.
-Fácil.
Foi a última palavra que
eu ouvi antes de cair na lava fervente.
Senti a lava por todo o
meu corpo. Aquilo era incrível. Eu não sentia mais o gelo que as garras de
Sylfer tinham deixado, com seus arranhões. Eu me sentia muito melhor agora. A
lava parecia curar minhas feridas. Meus instintos de dragão tomaram conta de
mim. Eu me sentia diferente. Fechei meus olhos e me concentrei.
Sylfer invadiu meus
pensamentos. Meu corpo se encheu de raiva. Eu simplesmente me deixei levar.
Deixei meu lado dragão assumir. Eu agora tinha certeza que venceria Sylfer.
Fogo e lava percorriam
meu corpo. As chamas percorrendo meu corpo me transformaram em uma bola de fogo
incandescente. Minhas asas se abriram e eu voei para fora da lava. A bola de
fogo ao meu redor explodiu, lançando fogo e lava para todo o lado dentro do
vulcão. Eu não sabia o que estava fazendo.
Ouvi um grito de dor. Era
Richard.
Ainda dentro do vulcão,
eu flutuava próximo da lava. A lava borbulhava, subia e descia. Joguei fogo
contra a lava. A lava começou a reagir e a borbulhar mais. Ele ia entrar em
erupção.
Voei para fora do vulcão.
Minhas escamas não eram mais prateadas. Agora estavam avermelhadas. Um
vermelho-vivo.
Procurei Lief e Sylfer.
Eles estavam lutando com Richard, que mal se aguentava em pé. Joguei fogo contra
eles.
Eles viram o fogo
chegando. Lief cortou o ar com sua espada para evitar o fogo, e Sylfer fez o
mesmo com suas garras. Porém dessa vez não funcionou. O fogo foi direto a eles
e os acertou.
Sylfer caiu no chão.
Desci até o chão. Meu
corpo estava pegando fogo. O fogo ao meu redor, estava agindo como se fosse um
escudo.
“Este é o meu verdadeiro
poder?” eu pensava entusiasmado.
-Richard, você sabe
conjurar escudos não é? – perguntei.
Minha voz saiu grossa,
com um rosnado. Era meu lado dragão falando.
Richard respondeu que sim
com a cabeça.
O vulcão começou a fazer
um barulho muito alto. O chão começou a tremer. Lief me encarou, e correu até
mim e tentou me acertar com sua espada. O fogo ao meu redor a desintegrou.
-O... O QUÊ?! – Lief
gritou surpreso. – Isso... É impossível! Essa espada foi feita para lidar com o
fogo!
-Alguém andou comprando
produtos piratas. – eu ri.
Eu peguei seu pulso e o
torci. O fogo começou a queimar a mão dele.
-NÃOOO! – Lief gritou de
dor.
Eu estava passando dos
limites! Mas eu não conseguia parar.
Sylfer se levantou e tentou
me atacar, mas um terremoto derrubou todos nós no chão. E então BOOM!
O vulcão entrou em
erupção.
Lava começou a cair em
todos os lugares. Era uma cena fantástica. Toda aquela lava... Queimando meus
inimigos...
Balancei a cabeça.
O quê eu estou fazendo?!
Eu estou fora de controle! Eles são maus, mas eu não os mataria!
Olhei ao redor e procurei
pro Richard. Ela estava coberta por um escudo. Eu não conseguia vê-la direito.
Mas sabia que estava ali.
Lief e Sylfer começaram a
correr por suas vidas.
A lava começou a
transbordar do vulcão. Eu podia senti-la nos meus pés. E aquilo era bom. O fogo
ao meu redor começou a diminuir. Olhei para minhas mãos. Minhas escamas estavam
voltando a sua cor prateada de sempre.
“Eu... Fui longe demais?”
me perguntei por pensamento.
E cadê a Kathryn?! Ela ia
ajudar na luta, não ia?!
Logo, logo a erupção
passou. O vulcão continuava coberto de lava.
Fui até o escudo onde
estava Richard. O escudo dela estava preto, por causa da fumaça. Eu respirava
normalmente, mesmo com esse monte de fumaça no ar.
Passei a mão pelo escudo,
para ver se estava tudo bem.
-Richard? – chamei.
Quando consegui ver por
dentro do escudo, vi Richard desmaiada.
-HEY! – uma voz conhecida
chamou.
Olhei ao redor. Kathryn
voava a beira do vulcão.
-ONDE VOCÊ ESTAVA?! – eu
perguntei com raiva. – VOCÊ NÃO SABE O QUÊ A GENTE PASSOU!
-Desculpa, Sr.
Estressadinho. – Kathryn brigou. – Eu só estava atrás disso.
Kathryn ergueu a mão, e
mostrou uma pedra triangular vermelha. A pedra do fogo.
-Eu estava cumprindo
nossa missão. – Kathryn se aproximou flutuando. – Vejo que o vulcão entrou em
erupção...
-Meio que eu provoquei
isso... – expliquei.
-Qual era a necessidade
de encher o lugar de lava?!
-Estávamos morrendo! E eu
não sei se Richard está bem... Consegue desfazer este escudo? – perguntei
pousando no chão.
As mãos de Kathryn
brilharam, e o escudo se desfez aos poucos.
Podíamos ver Richard mais
claramente agora.
Richard tossia.
-Richard? Tudo bem? –
Kathryn perguntou.
Richard se sentou
devagar.
-E-eu acho que sim. –
Richard respondeu.
Algo estava diferente
nela... Não conseguia ver o quê.
-Conseguimos a pedra? –
Richard quis saber.
Kathryn a entregou para
ela.
-Guarde em segurança,
está bem? – Kathryn pediu.
Richard fez que sim com a
cabeça e depois coçou a cabeça.
-Me sinto estranha... –
ela murmurou.
-Deve estar cansada, ou
então deve ter inalado muita fumaça. Vamos para casa. – Kathryn opinou.
-Sim. Vamos... – Richard
pegou seu leque e se levantou.
Definitivamente havia
algo estranho com ela. Eu não sei o quê. Mas havia algo diferente. Será que
Kathryn também pensava assim?
-E então, Selion, como
foi ter o seu primeiro contato com a lava? – Kathryn perguntou.
-Incrível! Pena que
provavelmente isso não aconteça mais... – respondi.
Abri minhas asas e
comecei a voar. Richard e Kathryn vieram atrás de mim.
“Tomara que elas saibam o
caminho... Porque eu não faço idéia de pra onde estou indo...” pensei.